Outro dia seguia para trabalho e ouvi um menininho comentar com a mãe. “1, 2, 3, 4, 5…..100. Eu vou viver atéééé os 100 anos e depois vou morrer”, disse ele. Sorri sem olhar para os dois e pensei como é linda a inocência e a sinceridade das crianças. É puro. É um pensar e falar.
A conversa sobre quanto tempo viver me fez pensar sobre o meu próprio aniversário que está logo aí. Eu durante esses quase 27 anos sempre gostei de comemorar a data. É um dia em que eu sinto minha energia diferente. É um dia em que pessoas muito queridas me dizem, ou fazem, coisas de tamanha delicadeza para me mostrar que o tempo não é capaz de desfazer amizades verdadeiras e que elas gostam de mim exatamente do jeito que eu sou. E eu? Eu fico sorrindo querendo viver 100 anos.
Fiquei pensando: será que mesmo depois de tanto tempo minha mãe ainda se emociona quando lembra do meu nascimento? Sempre gostei de ouvi-la contando sobre o dia do meu nascimento, de como foi a primeira vez que ela me viu de “olhinhos piscando rápido e o cabelo todo espetado”.
É tão emocionante o nascimento. É um milagre indescritível e de fato sublime. O baby está na barriguinha da mommy e de repente PLUFT! Ar nos pulmões, claridade nos olhos, frio na pele, sensação de fome. É vida começando. A lembrança do Pedro saindo da minha barriga é tão forte! Aquele choro anunciando a vida. Aquelas lágrimas que não consegui segurar que escorreram quente pra minha nuca. As palavras do pai do Pedro no meu ouvido “Nasceu, Amor. Nosso filho nasceu. Ele é piquitico”.
Tudo isso (nada prolixa!) para contar que o aniversário desse ano tem comemoração dupla porque, enquanto eu completo 27 anos, o Pedro completa um ano fora da incubadora. Há um ano cheguei na UTI pela manhã e levei o maior susto vendo um bercinho aquecido no lugar onde ficava a incubadora dele. O primeiro pensamento foi já imaginando o pior, retrocesso…Mas, nada! Meu menino tinha finalmente saído da incubadora após 2 meses e 5 dias de nascimento.
Lembro de ter ficado paralisada em frente ao bercinho com as mãos no rosto, incrédula olhando para ele. Um misto de euforia e medo.
As auxiliares de enfermagem vieram conversar comigo só que eu não conseguia prestar atenção direito no que elas estavam falando. Só voltei a realidade quando elas disseram “Agora, o acesso a ele é livre apesar de todo o cuidado que ainda permanece. Você já pode trocar as fraldas e dar banho todos os dias”. “Ai meu coração!!”, eu pensei.
Nesse dia (22/12/2012) eu e o Pedro começamos a nossa relação de toque. Até então só nos víamos pelo “vidro” da incubadora e ficávamos em contato nas horas do Canguru. Foi incrível poder tocá-lo; pegar no colo; cuidar; sentir o cheirinho e pouco a pouco começar uma rotina próxima do normal entre mãe e filho. Nesse mesmo dia troquei a primeira fralda dele tremendo de medo. Ele tinha pouco mais de 2kg!
Por isso, e tudo mais, parabéns para nós Pedro! Você é sempre o meu melhor presente.