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Falta de noção, preconceito ou indelicadeza gratuita?

Já relatei aqui outras vezes que passei por algumas situações desconfortáveis por ser jovem e já ser mãe. Os primeiros casos ocorreram ainda durante a gravidez quando me viam na rua, shopping, transporte público e era nítida a cara de “aff, grávida. Tão nova”. Olhavam para o meu rosto, depois para a barriga e em seguida a cara de reprovação.

Se eu ficava triste? Claro. Não sei se pelo preconceito ou pela indelicadeza gratuita. E vamos combinar que eu sou jovem, mas nem tanto assim…27 anos. Há nisso, aliás, algo bem discutível e que parece ser desconsiderado pelas pessoas: a idade é o que define se uma mulher vai ser uma boa mãe (ou pelo menos o que a sociedade considera boa mãe)? Desconsidera-se assim equilíbrio emocional que sabemos não chegar para algumas pessoas nem depois dos 30, 40, 50…

Não, gente. Eu não apoio a gravidez precoce na adolescência. Mas eu não apoio porque acho um pecado perder a chance de viver tudo o que se quer, de estudar, de pirar o cabeção, de ficar a toa, de escolher ir ou ficar…leveza e simplicidade,  deleites que a moral (?),  sociedade (?), nos permite apenas até uma certa idade. Tô falando mentira? E mais, não é somente porque acho que todo mundo tem que ter a fase ‘viva la vida loka’. É muito mais pela questão de não se tornar um ser humano frustrado, amargurado, pela falta de juventude.

Nós podemos ter 15, 20 ou 35 e ainda assim não estarmos preparadas para ser mãe. Na verdade, cá entre nós, eu acho que nenhuma mulher está pronta. Explico. A gente pode planejar, escolher o melhor momento da vida, mas acredito que nunca estamos prontas porque a maternidade é um processo e como tal demanda vivência, tentativa e erro, tempo.

Conheço um monte de mulher que está super certa da decisão e quando vê o positivo dá uma pirada. Cá entre nós novamente: acho super normal! Ter um filho é um passo sem volta, é para sempre, é acima de tudo a escolha de não ter controle (de nada).

Maternidade é algo visceral. Acho essa a minha melhor definição. Esse ‘troço’ muda você inteira por dentro. Te faz experimentar sensações físicas e emocionais (boas, ruins, muito boas, muito ruins) que você nunca conheceu. É tudo novo. O que mais me assustava era o fato de pensar na responsabilidade que é ter alguém sob sua tutela. Alguém para educar, mostrar princípios…não criar mais um monstro para avacalhar nosso já avacalhado mundo!

Agora conto o que me inspirou para esse post. Estávamos eu e o marido na fila do mercado quando a senhora atrás de nós olha para o Pedro no meu colo e dispara “Ele é seu irmão, né?”. Eu fiquei sem graça e respondi “Não. É meu filho!”. Ela repetiu “Ele é seu irmão, né?”. Eu achando que tinha falado baixo respondo mais alto “Não. É meu filho!”. Ela “SEU FILHO? NOOOOSSA”,  e ela que até então parecia ter gostado do Pedro virou a cara para olhar uma revista. O marido dela resmungou alguma coisa também enquanto abanava a cabeça com o sinal de reprovação.

Minha cara:    O.o

O que eu fiz de tão desprezível para ela virar a cara pra mim, me digam?! Ela tem sorte que a maternidade me fez colocar um freio nas palavras envenenadas que eu costumava disparar em quem me enchia o saco. Sorte dela que a minha mãe me deu educação e eu acho feio fazer barraco. Sorte dela que eu não fuzilei ela com o olhar o qual meus amigos apelidaram de mortal e desconcertante.

Enfim, desabafei. Ufaaa….kkkkkkkkk

Agora me digam: isso é só falta de noção, preconceito ou indelicadeza gratuita?