Sabe quando você passa por uma situação de muito estresse? Já passaram por isso? Um assalto, alguém passando mal…essas coisas que nos encharcam de adrenalina até o dedão do pé?! É muito maluca a sensação de tempo parado e de você não conseguir enxergar nada ao seu redor além daquela situação de pânico. Parece que só existe você no planeta. Eu consigo ouvir até a minha respiração como naquelas cenas de filme de terror.
Hoje estava lendo um blog com relatos de quando tinha sido a primeira vez que elas haviam se sentido mãe. Aquela velha história de se descobrir grávida, mas não se sentir mãe: não tem barriga, não tem movimento, às vezes não tem nem o enjôo. Daí tinha um de uma mãe que contou ter se sentido mãe quando o filhinho de apenas 9 meses saiu da cirurgia de reconstrução do intestino e a abraçou fortemente até adormecer. Caramba! Ai meu coração.
Então me lembrei da sensação de ver um filho saindo do centro cirúrgico. Ah, para quem não sabe o Pedro fez uma cirurgia (Hérnia Inguinal Bilateral) enquanto esteve no hospital. Dizem que é coisa bem simples e comum em meninos prematuros. De qualquer forma, era meu filho e imaginem o que é ver aquele bebezico de menos de 3 kg ser levado para a faca, entubação e anestesia (o que me dava mais medo).
Quando a cirurgia terminou me chamaram lá na UTI onde eu estava ao lado do bercinho aguardando ele voltar. Estranhei muito porque não tinham feito isso com a outra mãe. Gelei. Mil coisas passaram pela minha cabeça…até morte. Fui correndo porque precisava acabar logo com aquele suplício. O elevador não chegava nunca. Subi de escada. Cheguei colocando os bofes pra fora.
Na porta do centro cirúrgico tinha uma TV onde aparecia o status de cada cirurgia. Vi que a do Pedro já tinha terminado. Avisei na recepção que o médico tinha me chamado para conversar. Passa um, dois, cinco, dez minutos. NADA. “Deus, me ajuda. Preciso saber do Pedro. Me ajuda! Me acalma. Me dê forças para ouvir o que eu preciso. Eu não vou agüentar…”.
De repente a porta se abre e lá vem um bebezinho todo enrolado num berço com rodinhas e com uma equipe médica em volta. Olho e vejo o Pedro com os olhinhos pouco abertos. “Ai filho que bom. Olha a mamãe está aqui”. E finalmente choro. Deixo as lágrimas descerem quentes pelo meu rosto gelado pelo ar condicionado do lugar. Encosto na parede e junto as mãos em oração para agradecer a Deus. Respiro fundo e abro os olhos novamente.
Já consigo ver as pessoas. Minhas mãos já não estão mais como cubos de gelo. Minha barriga parou de doer e eu, já impaciente, consigo pensar “Po***, cadê o médico?”. Depois que passa a tensão a gente volta ao normal e até xinga o médico mentalmente. rsrsrsrs