Hoje me peguei lendo um texto de uma colunista da Revista Época que falava sobre os sabores da infâncias. Enquanto lia fui lembrando de vários sabores que ficaram marcados na minha memória (gustativa?! rs): o macarrão com brócolis e o frango com batata da minha mãe, a sopa da minha irmã nos dias em que eu ficava doente, o bife do meu pai, e outras mil opções da minha avó.
Quando era criança às vezes precisava passar o dia no trabalho da minha mãe e de tarde ia até a copa tomar o chá de erva cidreira que a copeira fazia fresquinho. Hhhuuummmm que gostoso! Então eu cresci, minha mãe se aposentou e eu nunca mais tomei um chá como aquele. Já percebeu que muitos sabores a gente não consegue provar nunca mais na vida ainda que façamos com os mesmos ingredientes, com o mesmo modo de preparo? Não fica igual! Seria um toque a mais, um segredinho de mestre cuca?
Hoje quando penso no chá ou no macarrão com brócolis ou no doce de laranja da minha avó sei que, além do sabor maravilhoso que tudo isso tinha, era o meu estado de espírito de criança que deixava tudo isso ainda mais gostoso. Em cada prato há uma memória afetiva, fato!
Nesse exercício de resgatar quais sabores eu nunca esqueci, me lembrei que tenho uma “memória olfativa” ainda mais forte do que a “gustativa”. Quando sinto o cheiro me lembro instantaneamente da pessoa, situação, local. Uma vez indo para o trabalho senti um perfume masculino e em segundos associei com o meu marido. Era o cheiro do perfume de quando começamos a namorar.
O cheiro de talco lembra a minha mãe. Antes de dormir eu deitava na cama dela e enquanto ela lia eu ficava passando o rosto no braço dela só para sentir aquele cheiro gostoso que vinha dela. Os perfumes doces e de alguns xampus lembram minha irmã. O cheiro de chuva e asfalto me lembram os dias em que chegava tarde em casa de depois de sair com o Edu (marido. na época namorado). E tem também o cheiro de praia e mato que me trazem as melhores lembranças da infância e adolescência.
(pausa para um suspiro melancólico)
Mas acontece também com lembranças ruins. O Pedro tomou o primeiro banho com água e em uma banheira só depois de mais de um mês e meio de nascido. Antes disso ele não tinha o peso mínimo estipulado como seguro para tal atividade! Quando o dia tão sonhado chegou adivinhem? O hospital usava o sabonete líquido (o laranja) da Johnson’s que me trazia uma péssima lembrança de quando eu fiquei internada aos 13 anos. OH God!
Com os dias acabei me acostumando com o sabonete. E aquele cheiro que antes me trazia lembranças ruins se tornou motivo de alegria, pois durante a internação o banho dele era o momento em que nós vivenciávamos a rotina normal de uma mãe com seu bebê. Era delicioso colocá-lo na água quentinha, vestir a roupinha, pentear o cabelo, amamentar e ver a carinha de conforto depois disso tudo. Me dava muita satisfação. Aliás, dá até hoje quando, depois do jantar, dou banho com o tal do sabonete laranja e depois fico “dando cheiros” naquele menino delicioso que Deus me deu.
E vocês? Também tem lembranças com cheiros e sabores? Quais foram os sabores da infância de vocês?
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