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Sobre preconceito, maternidade e idade

O primeiro post do blog foi, de certa forma, sobre preconceito. Falei sobre o que vivenciei quando me descobri grávida e ainda não era casada. Mas, sabe quanto mais eu vivo mais percebo que somos TODOS cheios de preconceitos. Uns mais, outros menos. Porém, sempre temos algum (ou alguns).

Você pode pensar que não tem e bater no peito se dizendo o ser mais democrático, moderninho, pró-cadaumvivecomoquer! Mas, vamos falar sério agora. Não dá para ser totalmente sem preconceito. Uma hora ou outra a gente faz um julgamento seja sobre a roupa, o gosto musical, as atitudes pessoais/profissionais, modo de se portar… Julgamos e temos opinião. Às vezes a gente não verbaliza, mas o preconceito tá ali.

Bem, tudo isso para contar sobre uma reflexão minha durante o período em que permaneci no hospital com o Pedro na UTI (papo para muitos outros posts). Quem me conhece sabe da minha cara de menina. Eu não aparento ter meus 26 anos. Adivinhem qual foi a pergunta que mais respondi durante a internação do Pedro? Sim, foi: “quantos anos você tem?”.

Uma, duas, três…um monte de gente! No começo respondia meio envergonhada. Depois já sabia o que vinha após a interjeição “desculpa a curiosidade…” e já respondia antes do final da pergunta. Com o tempo aquilo foi me enchendo um pouco.

Comentava com o meu marido que quando andávamos pelos corredores as pessoas cochichavam “olha lá a mãe adolescente e o cara que engravidou a menina” “coitada, tão novinha”. No fim, a gente ria disso.

Até que um dia, dos 90 e tantos, eu fiquei olhando todas aquelas mães na UTI. Tinha mãe de tudo quanto é jeito, altura, tamanho, cor, classe social e …idade. Além de mim, novinha, tinham mães de mais de 40 anos.

Tinha uma igual a minha mãe…não fisicamente, mas no jeito de falar, vestir etc. Lembro até hoje: mãe de gêmeas,  marido mais jovem, método de fertilização in-vitro. Ficava pensando em como era pra ela estar ali. Como tinha sido a gravidez: de risco ou tranqüila? E a família? E os amigos? E por que esperaram tanto?

Então, me toquei. Enquanto eu me irritava por me acharem nova demais para ter filho, lá estava eu fazendo um juízo de valor. Me enchendo de pensamentos e suposições. Afinal…

Se somos jovens é porque somos jovens demais para ter filho.

Se temos mais de 35 anos, somos velhas para ter filho.

Se somos solteiras, coitadinhas!

Se somos casadas e o pai não vê o parto, que pai insensível.

Prenconceito: estamos fazendo isso errado!