Sobre futilidades e aprendizados

Filho, eu estaria mentindo para você se dissesse que a sua chegada na minha vida foi tranqüila. Foi difícil para mim.  Foi difícil porque o que é desconhecido sempre nos assusta, nos deixa aflitos e alertas.

Passei um tempo me questionando se seria uma boa mãe para você, se daria conta da responsabilidade que é ajudar um ser humano a crescer. Eu tinha 25 anos quando fiquei grávida. Para algumas pessoas isso é pouca idade. Para outras a quantidade de anos não é indicador de mãe boa ou ruim.

Em partes é verdade, filho. Mas, a maternidade nos exige muitas coisas que talvez alguns anos a mais teriam nos permitido uma chegada mais tranqüila, com mais conforto para você e para mim. Uma casa própria, menos correria, menos julgamentos?!

Depois do primeiro susto (e muitas lágrimas de medo e alegria) eu quis curtir a gravidez e fiquei planejando seu chá de fraldas, a decoração do seu quarto e as lembrancinhas que daria aos que nos visitassem na maternidade. Mas, não deu tempo de fazer nada disso porque você se apressou e chegou aos seis meses de gestação! (Aliás, saiba que você nasceu no dia em que tinham preparado um chá de fraldas surpresa no meu trabalho!)

No começo eu fiquei triste por não ter conseguido vivenciar situações que muitas mulheres sonham desde menina. Coisas simples como visita dos amigos, vídeo e fotos do parto, amigos olhando o bebê no berçário, enfeite de porta de maternidade, lembrancinhas do seu nascimento etc etc etc.

No tempo em que ficamos no hospital passei centenas de vezes pelas portas dos quartos cheias de enfeites e flores e de onde ecoavam risadas alegres de quem está conhecendo uma nova vida. No começo me feria porque jamais viveria aquilo. Mas, quando te vi com a vida por um fio pude compreender que, o que antes me causava tristeza, não passava de futilidade.

Não me importava mais o chá de fraldas desde que você engordasse 30 gramas por dia.

Não me importava mais seu quarto sem decoração fofinha desde que você ficasse acordado um pouco durante o dia e me olhasse lá de dentro da incubadora.

Não me importava mais as lembrancinhas desde que você aceitasse mais leite.

E assim foi dia após dia.

Com o seu nascimento eu comecei a ver o mundo, e as pessoas, com mais ternura e encantamento. Depois de você eu aprendi a não ficar chateada por coisas idiotas e ter mais humildade para entender que ninguém tem controle total sobre a vida. Ter você me fez uma pessoa melhor, mais amável.

Obrigada, filho.

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