Outro dia escrevi aqui como nossos atos, ações, falas influenciam a formação das crianças com as quais convivemos. Vai desde um simples obrigada a um grito sem paciência.
Agora que o Pedro está maiorzinho e eu percebi que ele entende o que a gente fala quando, por exemplo, eu digo “aí não pode mexer” e ele obedece a ordem (ou resmunga contrariado!)…passei a prestar mais atenção nas nossas atitudes e posturas.
Me policio com o que falo (sim, as vezes sai palavrão), passei a dizer o que estamos fazendo ou vamos fazer e também tenho explicado situações como “Calma, vocês está com sono”; “Você está bravo, mas tem que esperar”; “Calma, não precisa chorar”; “Agora não é hora de brincar. É hora de dormir. Eu não vou pegar você do berço”.
Quase sempre ele entende e aceita e isso me dá mais ânimo para continuar. Sem contar que eu li que crianças da idade dele não conseguem expressar a emoção/desconforto da mesma maneira como nós adultos. Diante de uma situação de frustração a grande maioria das crianças tende a fazer a birra, chorar, gritar, dar um “showzinho” a parte a fim de conseguir aquilo que quer.
Normal. Eles ainda não aprenderam e nem tem a mesma vergonha na cara moral que nos impede de nos jogar no chão para conseguir o que quer que seja. Porque né…já imaginou a cena do seu amigo de trabalho largado no chão às lágrimas porque o chefe não gostou da proposta e ele terá que refazer todo o plano de estratégia de marketing de novo?! Então, ele/você não faz isso (alguns fazem!) porque foram ensinados. Bom…aprender a lidar com a frustração é uma lição para a vida toda né?! He He He…melhor ensinar desde pequeno…
Daí a importância de ajudá-los a entender que aquele desconforto é sono, fome. Que ele (a) precisa esperar para ter/fazer tal coisa, mas que essa coisa vai acontecer depois da escola/banho/almoço/soneca. Que noite é hora de dormir e que mamãe e papai também vão fazer a mesma coisa…
Funciona sempre? Não. Claro que não! Antes funcionasse sempre quando ele acorda de madrugada e eu quero dormir…Entretanto, já percebi que em dias de pouca paciência e cansaço nível 100 eu deixo de falar e explicar. Advinhem?! A coisa toda desanda. Ele fica mais irritado e mais birrento.
Também pudera já imaginou o contrário? Você lá tranquilão fazendo/vendo X coisa e vem alguém e tira você, sem mais nem menos, do que você estava fazendo. No mínimo você ficaria muito bravo (a).
Eu considero tudo isso quando me empenho em explicar as coisas para o Pedro. E desde antes de ser mãe eu sempre achei horrível aquela situação da mãe gritando com o filho e o filho gritando com a mãe. Claro que eu já gritei. Mas, é o tipo de situação que eu evito ao máximo e que de jeito nenhum quero que se torne constante.
Outro dia no mercado eu fiquei chocada com uma mãe que gritava muito com o filho. Por t-u-d-o. Eu não falava com ele, ela só gritava! Dava para ver que aquela relação não estava estressada como num dia de cansaço maior ou TPM infantil…ela era estressante para ambos. Dava para notar que ambos estavam gritando porque queriam ser ouvidos, mas nenhum ouvia ou acatava.
Lembrei agora de um texto emocionante que trata desse desencontro de mãe e filho, de grito, do problema que é não estar disponível para ouvir. Está no blog Cientista que virou mãe. Quando terminei de ler fiquei com um nó na garganta. Vale muito a leitura e a reflexão!
Um outro texto legal sobre o assunto: http://familia.com.br/a-questao-relevante-sobre-o-grito
Um vídeo que resume bem todo esse papo: http://www.youtube.com/watch?v=jOrGsB4qG_w&feature=player_embedded
Ps: Engraçado que enquanto escrevia essas linhas me dei conta que nós muitas vezes cometemos esse mesmo erro nos relacionamentos amorosos, no ambiente de trabalho, na família. Queremos que o outro aceite nossa opinião, quase uma imposição, e ficamos no cabo de guerra forçando até que o outro se dê por vencido. Quem vence nessa situação? Sei lá, no meu ponto de vista perdem os dois: tempo, doçura, encanto…
Só para justificar: sim, eu não sou uma monja budista. Eu perco a paciência, eu xingo quando me irrito. Eu, apenas, me policio para que isso não se torne comum.